Tem gente nessa vida que, vou te contar, não sabe
o que quer. É um não saber o que se quer meio disfarçado de querer saber tudo;
tudo sobre o mundo e sobre si. Ou então, e ai salve-se quem puder, sobre um
suposto saber sobre o que o outro quer. Ou não quer. E como quer ou não quer,
aonde quer ou não quer.
Tem gente que acha que sabe o que
quer. Que tem liberdade de escolha. Que a escolha, justamente, é ser livre. E
fica tão aprisionado na liberdade que... vive aprisionado na liberdade. Quando
tudo sempre é permitido, somos blasé e começamos a achar que tudo bem passar
por cima do sentimento do coleguinha, tudo bem roubar o namorado (a) da(o)
amiga(o), tudo bem usar o banheiro para deficientes físicos, tudo bem sentar
naquele banco amarelo do ônibus e tudo melhor ainda se você resolveu que aquele
dia, não vai levantar para aquele velhinho pois você está muito cansado e
merece ir sentado.
Provavelmente a gente acaba
vivendo sabendo mais o que não quer do que o que realmente quer. Não queremos
ter nossa liberdade de ir e vir ferida. Não queremos que outra pessoa diga o
que devemos fazer. Não queremos viver determinadas sobre a idéia de que toda
mulher deve ter filhos, e que se você chegou aos trinta solteira, então minha
filha, ficou pra titia. Queremos estar abertos – o tempo TODO – ao novo, ao
inesperado, e acabamos na verdade nos tornando porosos, voláteis. Não gastamos
tempo conhecendo as pessoas, fazemos “network”... Passar a vida tecendo redes,
mas na verdade, sendo peneira. Perenes.
Então, ao invés de promover essa
onda cool, sejamos um pouco bregas. Tipo: Ex my love, você pode até não valer
R$ 1,99 mas a gente foi feliz... Amigos? Ou: agora vou sossegar e ver se encontro
alguém legal. Ou: Não vou dar em cima do(a) ex , de fulana (o), vai que ela
(ele) fica chateada (o)? Vou dar a vez para aquela senhora, vou cortar as
cervejinhas de terça, deixar aquela festa descoladéeeerrima pra outro dia e
aquela boate pra... nunca mais. Já que está tão em voga a militância via
facebook, divulguemos por aí: Abaixo a ditadura da falsa liberdade...
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