quinta-feira, 19 de julho de 2012

Humanidade

Minha mãe tem 55 anos; minha vó, 80 e poucos. Estavam na Tijuca, na altura do CCAA da rua Conde de Bonfim. Pois bem, minha mãe sugeriu a minha vó que esperasse por ela no outro lado da rua, enquanto ia pegar o carro que estava longe. Minhá vó tem problemas com seu joelho que não lhe permitem caminhar por muito tempo. Minha mãe resolve ajudar minha vó a atravessar a rua, que estava, de verdade, vazia. Um ônibus do metrô vinha lá de longe. Quando viu as duas atravessando, acelerou. Mas acelerou tanto, que por muito pouco, minha mãe e minha vó não conseguem terminar de atravessar. Ele jogou o ônibus em cima delas; a rua estava vazia, o sinal mais a frente fechado. Não tinha razão pra fazer isso. Mas ele fez.


O fim do mundo está nos pequenos gestos mal escolhidos do dia-a-dia.  A gente tá cada vez mais feio, esquisito, querendo o mal do outros. Já vi um monte de motoristas de ônibus fazerem isso, e rirem à beça. Será que eles fariam isso com a mãe deles? Com a avó? Sim, por que todo mundo já teve mãe. ou a idéia de uma. Será que a gente perdeu a capacidade de se colocar no lugar do outro? A capacidade de empatia?


Quanto tá valendo por aí uma vida humana? Acho que a verdadeira questão, é se a gente começou a achar que a nossa vida vale mais do que a do outro. Pior, se qualquer condição de superioridade (relativa) que nos é dada é motivo para desqualificarmos o outro.

Eu ainda não sei. Mas uma coisa é falta de gentileza. Outra coisa é falta de humanidade.

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